Os primeiros registros do uso de robôs em cirurgia datam da década de 1980. O primeiro robô cirúrgico, denominado de PUMA, foi usado em uma biópsia em uma neurocirurgia, mais precisamente em 1985. O desenvolvimento da tecnologia na época visava diminuir possíveis tremores das mãos dos cirurgiões. Em 1988, outro robô desenvolvido na Inglaterra (PROBOT) e foi utilizado em uma cirurgia urológica.
No início dos anos 90, o robô denominado de ROBODOC foi utilizado com sucesso em uma cirurgia ortopédica (quadril); no fim da década de 90 já tinham sido desenvolvidas mais 3 plataformas robóticas que utilizavam a sua associação com a tecnologia da laparoscopia. Esses sistemas foram o da Vinci Surgical System, o AESOP e o Zeus surgical system.
Em 2001 ocorreu a primeira telecirurgia com a utilização de um robô. O professor francês Jacques Marescaux e o canadense Michel Gagner realizaram a retirada da vesícula biliar (colecistectomia) de um paciente que estava em um centro cirúrgico em Strasbourg na França; os médicos estavam na cidade de Nova Iorque. A longa distancia causou atrasos na transmissão do sinal: apesar desse atraso ter sido pequeno, foi um pouco maior do que o aceitável.
O robô Zeus foi utilizado em vários procedimentos pioneiros como reconstrução de tubas uterinas (após laqueadura) em 1998 e cirurgias cardíacas de revascularização em 1999.
Em 2003 a empresa desenvolvedora do Zeus foi comprada pela Intuitive Surgical e a partir dessa fusão, o desenvolvimento e vendas do robô da Vinci iniciou-se.
Desde o seu lançamento, no início da década de 2010, o da Vinci tornou-se a plataforma robótica mais prevalente no mundo. Ficou famoso quando um vídeo do da Vinci descascando uma uva foi filmado e difundido pela internet nas redes sociais. No Brasil, em 2023, o da Vinci completa 15 anos da sua primeira cirurgia em solo nacional.
Diferentemente do que muito pacientes pensam, o robô não opera sozinho. Ele responde aos comandos dados pelo cirurgião, aumentando sua precisão e melhorando suas habilidades. A parte principal do robô possui 4 braços que são conectados ao paciente por pequenas incisões de 8mm e por onde entram as pinças de trabalho. Vale ressaltar que é o cirurgião que é o responsável por conectar o robô ao paciente (a essa etapa dá-se o nome de “docking”) e definir a melhor posição das incisões; essa localização depende de qual órgão vai ser operado e caso fiquem inadequadas, interferem no bom andamento do procedimento.
O cirurgião responsável então se senta no console que é o aparelho por onde ele enxerga a imagem 3D fornecida pela câmera que está dentro do paciente. Há 2 joysticks em que controla os braços e pedais por onde também controla o braço em que está a câmera e toda a energia do bisturi elétrico conectados aos braços. O console está na mesma sala, a alguns metros do paciente. Os controles (joysticks) reproduzem e transmitem para as pinças conectadas aos braços exatamente o que o cirurgião faz, com extrema delicadeza e precisão. Assim cirurgias longas e complexas tornam-se menos exaustivas do que as cirurgias laparoscópicas convencionais em que a equipe médica está de pé; e o melhor de tudo que é de forma minimamente invasiva. Pequenos tremores são compensados pelo robô e o movimento de 360º das pinças imitam o punho humano permitindo mais liberdade de movimentos.
Durante todo o procedimento, um médico auxiliar e uma instrumentador ficam ao lado da paciente e do robô para as trocas de pinças que se façam necessárias e em caso de alguma intercorrência.
As cirurgias que podem ser realizadas com o auxílio da plataforma robótica são inúmeras e incluem basicamente todos os órgãos do corpo humano:
É importante salientar que o procedimento cirúrgico é o mesmo; o que muda é a via de acesso que ela está sendo realizada.
Existem sim benefícios da cirurgia robô-assistida: menos dor pós-operatória pela menor manipulação das pinças na parede abdominal fazendo com o paciente retorne às suas atividades cotidianas mais precocemente, com menor tempo de internação hospitalar.
Após a quebra da patente da Intuitive sobre as plataformas robóticas, várias outras empresas estão desenvolvendo seus próprios robôs, o que ajudará a difundir a técnica para ajudar mais pacientes.
Com o desenvolvimento do sinal das telecomunicações, espera-se que o atraso na sua transmissão diminua e assim a volta da telecirurgia se torne real.
A cirurgia robótica veio para ficar e é um excelente aliado da medicina no tratamento de doenças complexas de maneira minimamente invasiva.
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